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21/07/2011

A "reforma da reforma litúrgica" nas ousadas palavras de Pe.Paulo Ricardo e Pe.Demétrio.


Padre Paulo Ricardo e Padre Demétrio nesta quinta-feira presenteou a Igreja com pregações extraordinárias a respeito da "reforma da reforma litúrgica". Fidelíssimos ao Santo Padre Papa Bento XVI os dois sacerdotes expuseram com clareza as moções do Papa para a vida litúrgica da Igreja.
Enquanto não temos as palestras na íntegra, nada melhor do que acompanhar alguns trechos,vejam:



Salve Maria!

Costa do Marfim: Dois irmãos cristãos foram crucificados por militantes muçulmanos.


No dia 29 de maio, milicianos leais ao presidente Outtara, que possui o apoio da ONU, torturaram e crucificaram dois irmãos Cristãos. O atual líder do país continua a repressão contra os partidários do ex-presidente Cristão Laurent Gbagbo.

Conforme informa o Barnabas Fund, os irmãos Raphael Aka Kouame e Kouassi Privat Kacou, foram brutalmentes espancados e torturadose depois cruelmente crucificados. Rapahel morreu devido aos graves ferimentos, mas Kouassi milagrosamente sobreviveu. Em suas mãos e pés agora estão as marcas dos pregos de aço.

Os dois irmãos camponeses foram falsamente acusados de esconderem armas na pequena cidade de Binkro onde trabalhavam como agricultores. A cidade é constantemente atacada pelos homens de Outtara que estão a procura do prefeito Koko Djei que peretence ao mesmo partido do ex-presidente Gbagbo. Os irmãos alegaram inocência, mas foram ignorados. Após os atos de crueldade os milicanos vasculharam a cidade, mas nada encontraram.

Esta é apenas uma das inúmeras crueldades que estão sendo cometidas pelas tropas do presidente Outtara que possui o apoio da maioria muçulmana. A minoria cristã passou a ser alvos de ataques por apoiarem o ex-presidente Laurent Gbagbo.

Dom Henrique soares : A Ressurreição, mito ou realidade?


A Ressurreição é o centro da fé cristã: o cristianismo mantém-se de pé ou desmorona completamente sobre este evento, já que a Ressurreição de Jesus crucificado é o ato decisivo que não somente revelou em toda a sua profundidade o mistério de Jesus de Nazaré como Messias e Filho de Deus e, de modo definitivo e insuperável, o Deus tripessoal, mas também inaugurou a conclusão da história e a plenitude de nossa salvação.

Diante deste ponto crítico, deste evento único, que escapa à nossa experiência, o homem se vê desafiado a fazer uma opção que decidirá toda a sua existência e seu modo de compreender-se a si e ao mundo: “Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa esperança, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15,14). Esta afirmação do Apóstolo é absoluta, definitiva, sem apelo! Do ponto de vista da credibilidade de Jesus – ele é o Messias, ou apenas mais um iludido, como tantos na história? –, a Ressurreição constitui o sinal central dirigido por Deus ao homem para levá-lo ao reconhecimento e à proclamação da filiação divina de Jesus. No entanto, é necessário deixar claro que tal sinal deve ser acolhido na fé; se há sinais de credibilidade que fundamentam a fé na Ressurreição, por outro lado, não há uma “prova” irrefutável que destruiria qualquer dúvida sobre a pessoa de Cristo. E aqui é necessário dizer: esta relação claro-escuro, esta dialética de sinais que indicam e falta de provas que definam de modo irrefutável faz parte da estrutura da fé. Pense o meu Leitor: se a fé se fundamentasse numa evidência incontestável, já não seria mais fé nem deixaria espaço para o salto da liberdade; por outro lado, se não houvesse sinais de credibilidade em que o crente se apoiasse no seu ato de fé, então a fé seria superstição, seria arbitrariedade absurda, indigna do homem, com sua inteligência e liberdade dadas por Deus!

O racionalismo e os teólogos por ele influenciados negaram a objetividade da Ressurreição. Eis algumas de suas teorias, bem arbitrárias e gratuitas, motivadas pelo preconceito racionalista (que deseja enquadrar toda a realidade na gaiola da medida da razão humana) e imanentista (que de modo gratuito e arbitrário exclui toda ação de Deus no mundo):

(1) Jesus não morrera na cruz; fora retirado dela ainda com vida, sepultado e reavivado no sepulcro e dele retirado. Foi assim que apareceu aos seus discípulos. O Novo Testamento, porém, não tem nenhuma informação que apóie tal teoria. Ao contrário, afirma claramente que Jesus morreu realmente (cf. 1Cor 15,3b-5). Outras fontes, não-cristãs, confirmam esta realidade: Flávio Josefo, nas Antiguidades 18,63s, Tácito, historiador romano, em seus Anais 15,44 e até uma obscura passagem do Talmud babilônio afirma que Jesus foi apedrejado na véspera da Páscoa. Não há nenhuma entre os judeus que dê base a esta teoria. Além do mais, como poderia um semi-morto aparecer cheio de glória?

(2) A Ressurreição de Jesus seria plágio dos mitos de deuses que morrem e ressuscitam, como Dionísio, Ísis, Osíris e o culto a Adônis. Tal paralelismo não tem o menor sentido. Os deuses mitológicos em geral seguem o ciclo das estações; no caso de Adônis, seu mito em nada tem o significado da Ressurreição de Jesus: Adônis fora morto enquanto caçava um javali; cada ano permitia-se que subisse dos abismos e, por seis meses, procurasse sua amante. Nenhum devoto desse deus afirmou jamais que ele morreu por amor pela humanidade e que ressuscitou por nós e por nossa salvação! Seu retorno era o mito cíclico da vegetação, um assunto anual da natureza, não uma Ressurreição final de uma vez por todas entre os mortos.

(3) A Ressurreição de Jesus reduzir-se-ia a uma mudança na percepção e na vida dos discípulos, sem nenhuma transformação real em Jesus: ele ressuscitara no coração de seus discípulos que o amaram e o sentiram próximo. Ele ressuscita de novo, a cada dia, nos corações de todos os homens. Então, o que aconteceu após a crucificação seria somente a descoberta, por parte dos discípulos, do sentido, do significado de Jesus. Ora, não é nesta direção que os documentos do Novo Testamento apontam! Eles testemunham todo o tempo que o Pai ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos (cf. Gl 1,1).

(4) O desastre da crucifixão causou tal impacto nos discípulos, que provocou neles alucinações. Já Celso, no século II, defendia tal teoria. Tratar-se-iam, então, de visões simplesmente subjetivas. Ora, tal teoria não se sustenta: primeiro, os discípulos não creram logo nas aparições (cf. Mt 28,17; Lc 24,36s; Jo 20,24s); também o fato de que Jesus não era logo reconhecido pelos que o viram atesta contra a idéia de alucinação; além do mais, as aparições realizavam-se nas situações mais corriqueiras da vida. Falar, portanto, em alucinações, é gratuito!

(5) Os apóstolos fraudaram, pura e simplesmente, roubando o corpo e inventando a idéia de Ressurreição. Isto contraria totalmente o que sabemos dos apóstolos: eles não eram desonestos, não eram espertos e corajosos, estavam desalentados e confusos, eles não morreria para testemunhar uma fraude! Interessante também observar o cuidado das comunidades cristãs em preservar os textos intactos, apesar das discrepâncias em suas narrativas. Este dado revela o respeito dos primeiros cristãos por suas fontes: não eram nem visionários, nem exaltados, nem fraudadores!

Vejamos, agora, algumas reflexões sobre a credibilidade da Ressurreição.

(1) Fato histórico incontrastável é a brusca e inexplicável mudança de atitude e comportamento dos discípulos. Durante todo o ministério de Jesus, muitíssimas vezes os evangelhos dão testemunho da lentidão e da dificuldade dos Doze em compreender Jesus (cf. Mc 8,14-22; 8,31-33; 10,32-45); um dos Doze o traiu, os outros apóstolos não lhe foram solidários e até fugiram (cf. Mt 26,36-56), seu líder negou Jesus (cf. Mc 14,66-72). Tudo isto é historicamente irrefutável. O moral do grupo após a sexta-feira era o pior possível; ninguém esperava uma ressurreição de Jesus (cf. Lc 24,21-24). Ora, logo após, os apóstolos mudaram completamente de atitude, de ânimo, de vida! Passaram da depressão ao ânimo, da estupefação ao testemunho, da dispersão à comunhão em torno dos Doze. Resta a pergunta insistente: o que houve? Uma fraude poderia causar tal transformação? Certamente, não! Então, uma alucinação?

(2) Os relatos dos evangelhos também não dão margem a uma teoria de alucinação. Note-se que as manifestações do Ressuscitado dão-se no cotidiano, quando os apóstolos não esperavam e não estavam em estado de excitação místico-religiosa. Também é importante o fato de não reconhecerem logo a Jesus (cf. Lc 24,16; Jo 21,4) e mais importante ainda é a surpreendente informação que muitos duvidaram (cf. Mt 28,16; Mc 16,9-14; Jo 20,24-29). É impressionante a insistência dessa dúvida!

(3) Há discrepâncias nos relatos evangélicos. A Igreja não as harmonizou, num claríssimo sinal de respeito às fontes. Não são lendas ou frutos de imaginações excitadas! Também apontam para a historicidade (a) o fato de Jesus confiar o anúncio da Ressurreição a mulheres, (b) o fato de não ser reconhecido imediatamente e (c) o fato da incredulidade dos discípulos. Nada disso apareceria num texto fraudulento, pois deporia contra a veracidade da Ressurreição!

(4) É digno de nota também que o túmulo vazio nunca foi contestado pelos judeus ou pelos romanos. Se é exato que tal fato não garante nem prova o feto da Ressurreição, também é verdadeiro que deixa uma pergunta não respondida: onde está o corpo de Jesus? O que lhe aconteceu? Os discípulos respondem, decididos: “Ele ressuscitou! Nós o vimos!” Note-se que os cristãos nunca usaram o sepulcro vazio como argumento ou prova em favor da Ressurreição; foram os encontros com o Ressuscitado que primeiramente fundamentaram a fé na ressurreição. O sepulcro vazio apenas confirmou o fato! Ele fecha a porta para interpretar as manifestações como alucinações ou para uma interpretação “espiritualizada” da Ressurreição de Jesus!

(5) É impressionante também a concordância da Ressurreição com a fé de Israel. Se é verdade que ninguém em Israel esperava uma ressurreição antes do fim dos tempos – e neste sentido a Ressurreição de Jesus é algo absolutamente original e revolucionário -, não é menos verdadeiro que o Senhor Deus é sempre apresentado como o Deus da vida, da justiça, do poder e da fidelidade, de modo que conheciam o Deus de Israel, revelado nos textos sagrados, estavam preparados para compreender a Ressurreição de Jesus como ação culminante desse Deus! Aquele que foi obediente e fiel até a morte, não foi abandonado pelo Senhor Deus que, “segundo as Escrituras” o ressuscitou em sua fidelidade!

(6) É interessante também o quanto a Ressurreição de Jesus dá uma chave potente e coerente para tudo quanto aconteceu na história de Israel e do próprio Jesus de Nazaré, sugerindo realmente a veracidade de tal evento! A própria fé cristã somente pode explicar-se e articular-se à luz da Ressurreição: sem ela todo o edifício teológico cai e o próprio Antigo Testamento fica sem um final e sem sentido pleno...

(7) Não menos digno de nota é o testemunho dos discípulos: eles nunca falaram de aparições interiores nem de um cadáver reanimado; falaram de um Jesus totalmente transformado e glorioso! Ora, crer neste testemunho é aceitar a palavra de pessoas que se encontraram com Jesus ressuscitado através de um tipo especial de experiência exclusiva deles. Desde Orígenes e dos Padres da Igreja, chama-se atenção para a coerência dos apóstolos e sua vida heróica, exatamente por causa de sua experiência com o Ressuscitado.

Pode-se concluir esta apresentação com o raciocínio lúcido de São Tomás de Aquino: Nenhuma razão particular, em si mesma, pode provar a Ressurreição: os argumentos individuais tomados em si mesmos não são prova suficiente da Ressurreição de Cristo, porém tomados em conjunto, de um modo cumulativo, manifestam-na de um modo perfeito. A Ressurreição, por um lado, exige sempre o salto da fé; por outro lado, uma fé esclarecida e racionalmente justificável. Por quanto sejam louváveis, os seguintes versos fideístas não são suficientes para uma adesão humanamente responsável: “Vive, vive Jesus Cristo vive hoje:/ Passeia comigo e me fala/ Ao largo do estreito caminho da vida./ Vive, vive para nos salvar;/ tu me perguntas como sei que vive.../ Vive dentro do meu coração!” Se Jesus vive simplesmente porque vive no meu coração, então eu o ressuscito e não ele a mim; eu o salvo da morte e do esquecimento do nada e não ele a mim!

É muito mais lúcida, humana, responsável, madura e católica a observação de Tomás de Aquino: Não devemos crer se não tivermos razões para crer!


Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br/index.html


Porque a “ditadura do relativismo” é hostil à verdade da fé cristã?


Átila Amaral Brilhante

Durante a missa celebrada no início do último conclave, o então cardeal Joseph
Ratzinger pronunciou uma homilia centrada na preocupação de conclamar os presentes
– em especial os membros do colégio cardinalício – a buscarem uma fé madura, a
qual, segundo ele, pressupõe uma profunda amizade com Nosso Senhor Jesus Cristo
e implica uma postura de resistência ao que denominou de ‘ditadura do relativismo’,
isto é, resistência à preponderância de uma mentalidade que não reconhece referências
objetivas de aferição da moralidade e adota o ‘eu’ e seus apetites como critérios
supremos.

Os ecos da homilia do cardeal Joseph Ratzinger perpassaram a cobertura dada pela
imprensa ao conclave e suscitaram reações as mais diversas nos meios católicos e fora
deles. Prevaleceu, contudo, nos círculos intelectuais do ocidente, a percepção de que o
então decano do colégio cardinalício cometera erro gravíssimo ao ver na ‘ditadura do
relativismo’ uma ameaça ao mundo contemporâneo, quando o fundamentalismo é que
deveria ser objeto de suas preocupações.
Alguns dos críticos do cardeal defenderam
mesmo que, à medida que invalida as certezas que dão lastro à postura fundamentalista,
o relativismo favorece a convivência democrática, o que torna sem sentido a própria
expressão ‘ditadura do relativismo’.

Subjazem ao debate acerca da ‘ditadura do relativismo’ visões muito diferentes
acerca do grau de influência que a fé e a moral cristã devem ter na vida das sociedades.
O relativismo cultural ocidental fomenta um tipo de mentalidade que é, em grande
medida, refratária ao anúncio cristão e representa um complexo desafio a qualquer
esforço de evangelização, mesmo em países com longa tradição cristã; enquanto, em
parte da Ásia e da África, a difusão do cristianismo é obstaculizada por governos e
grupos religiosos intolerantes que, na prática, ignoram a liberdade de culto, dificultam
a recepção de missionários e, quando não fomentam, ficam omissos diante de ações
persecutórias praticadas contra os cristãos.
A luta contra a ‘ditadura do relativismo’ faz
parte de um esforço de preservação do legado cultural do cristianismo em sociedades
cujas instituições sociais cada vez mais dele se distanciam.
A partir do século XV, desencadeou-se um amplo e complexo processo de
modificação das instituições políticas, educacionais, econômicas e religiosas da Europa,
o qual criou condições para a formulação teórica e, posteriormente, para a expressão
social do ‘indivíduo’ como um soberano ‘choice-maker’ que, livre das amarras
das tradições, determina a sua vida com base em critérios por ele mesmo forjados.
Já no século dezenove, Tocqueville percebeu que, solitário diante de um estado
crescentemente concentrador de poder, tal indivíduo poderia facilmente converter-se em
vítima de experiências coletivistas. Nada impediu, entretanto, que o soberano ‘fazedor-
de-escolhas’, que se compreende como medida de todas as coisas, passasse a ser a
principal referência de conduta para a maioria dos ocidentais da contemporaneidade,
o que só foi possível com a entronização da visão de que a moralidade é o reino das
preferências e dos sentimentos. Em razão disso, o ilustrado ‘fazedor-de-escolhas’
tende a colocar a satisfação dos seus apetites acima dos grandes ideais – sejam eles
terrenos ou sobrenaturais, pois a busca destes pressupõe um espírito de auto-sacrifício
e persistência que ele simplesmente não tem. Agitado por ventos que sopram em todas
as direções, ele não sabe exatamente para onde seguir, mas espera da família, quando
a tem; de Deus, quando crê e da sociedade, quando a leva em consideração, tudo o que
possa satisfazer as suas preferências.

Uma cultura edificada sobre o primado dos sentimentos tende a favorecer o culto
da novidade e ser hostil a todas as práticas e instituições que representem algum tipo de
entrave à busca desenfreada de satisfação das demandas dos indivíduos. É no contexto
de tal hostilidade que se situam as declarações do hoje Papa Bento XVI.
O avanço do
relativismo moral implica a remoção do que resta de influência cristã nas legislações e
nas práticas sociais do Ocidente, o qual, distanciado do legado cristão e da
espiritualidade a ele associada, caminha para desintegração por força de uma radical
falta de coesão interna e de fortes pressões externas. Esta afirmação não traduz uma
rejeição à democracia, mas expressa a compreensão de que o relativismo moral do
Ocidente prenuncia um niilismo cultural capaz de inviabilizar os consensos mais
básicos, sem os quais sociedade alguma mantém as suas conquistas.
São Bento de
Núrsia e os monges que o seguiram contribuíram sobremaneira para, depois da
derrocada do império romano do Ocidente, preservar o legado do mundo clássico,
evangelizar os bárbaros e fomentar o interesse pela cultura no mundo cristão. Mas
enquanto São Bento trabalhou sobre os escombros de um império derrotado, o Papa
Bento XVI se esforça para evitar precisamente a derrocada de um Ocidente que insiste
em renegar a herança histórica sobre a qual edificou a sua grandeza. Assim, a
preocupação do atual Papa com a ‘ditadura do relativismo’ manifesta, a um só tempo,
um cuidado para com a salvação das almas e uma inquietação com o estado do mundo
atual.