Pis de Amy Winehouse choram a morte da filha Fonte: O Estadão |
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25/07/2011
"Era apenas uma questão de tempo"
Sobre ídolos e vidas fúteis...
Por Dom Henrique Soares.
Estava meditando no Livro da Sabedoria e dei com estas palavras: “Nenhum homem pode modelar um deus à sua semelhança: porque, sendo mortal, forja com suas mãos iníquas um morto! De fato, ele é melhor do que aqueles aos quais cultua, porquanto pelo menos vive, mesmo sendo mortal, ao passo que aqueles nunca viverão!” (Sb 15,16b-17).
São palavras contra a idolatria. No sentido bíblico mais profundo a idolatria consiste em o homem endeusar, divinizar e idolatrar a criatura ao invés do Criador e a obra de suas mãos, como se fosse um deus que lhe pudesse dar a vida...
É de pensar, a situação do mundo atual... A humanidade tem modelado tantos deuses: a tecnologia, as ciências tão avançadas, o divertimento, o culto do corpo e do bem estar, do sucesso e da fama, o prazer em todas as formas possíveis e imagináveis... E tem colocado em tudo isso a sua esperança de uma vida feliz, de realizar sua existência...
Mas, é uma ilusão, uma armadilha, uma mentira: essas coisas não salvam, não dão o sentido, não podem servir de fundamento válido e duradouro para a existência! Elas não são Deus!
Aliás, como adverte o texto sagrado, o homem mortal – pó que o vento leva – não pode modelar um Deus imortal! Tudo quanto modelam os filhos de Adão não passa de pó e não pode servir para dar sustento à nossa existência.
Veja bem, meu caro Leitor: a humanidade nunca foi tão iludida e enganada, tão superficial como nestes nossos tempos! Como diz ainda o texto santo, este homem de agora “ignora aquele que o plasmou, que nele inspirou uma alma ativa e nele insuflou o espírito que faz viver. Chega a considerar nossa vida um jogo e nossas atividades como voltadas para o lucro; por isso diz que deve tirar proveito de tudo, até do mal” (Sb 15,11-12).
Penso que um dos grandes desafios e uma das maiores responsabilidades nossas, que cremos, é viver de tal modo e colocarmo-nos no mundo de tal maneira que apareça claramente que vivemos na consciência profunda e convicta de que aqui estamos de passagem, de que “não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14). Crer é viver à luz do Absoluto, é ter como alicerce da vida a convicção de que não somos a fonte nem o fim de nossa própria vida e nossos poucos dias neste mundo não encontram sentido neles próprios nem em nada como possamos fabricar com nossa inteligência. Se pensarmos bem, veremos claramente que o homem é uma seta que indica um Outro, uma Origem e um Destino; o homem é um grito irrefreável chamando e clamando pelo Sentido, pela Finalidade pelo Fundamento de tudo, a começar pela sua própria vida pessoal.
Para nós, valem ainda as palavras do Autor sagrado: “Tu, ó nosso Deus, és bom e verdadeiro, és paciente e tudo governas com misericórdia. Mesmo pecando, somos teus, pois acatamos o teu poder; mas não pecaremos, sabendo que somos contados como teus. Conhecer-te é a justiça perfeita, e acatar teu poder é a raiz da imortalidade” (Sb 15,1-3).