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01/11/2011

O Inverno demografico,menos filhos!

7 bilhões, e agora? Saiba o que a Igreja pensa sobre o assunto

Leonardo Meira
Da Redação


AP
Danica Camacho, bebê número 7 bilhões. Mitos sobre demografia buscam respaldar iniciativas da cultura da morte, como aborto e esterilização em massa
7 bilhões de habitantes no planeta. A bebê filipina Danica May Camacho nasceu dois minutos antes da meia-noite do domingo, 30, e é um dos bebês símbolos de um número que divide opiniões e ideologias mundo afora.

Há duas principais correntes de interpretação dos dados relacionados à população mundial. De um lado, estão os defensores da chamada explosão demográfica ou superpopulação. De outro, há quem fale sobre inverno demográfico e indique a drástica perspectiva de diminuição das taxas de natalidade.

Não é fácil se posicionar frente a argumentos tão diferentes. Os seguidores da primeira corrente aproveitaram a marca dos 7 bilhões de habitantes no planeta para levantar a bandeira do controle populacional, sob o pretexto de que o mundo não seria capaz de suprir as necessidades de tantas pessoas. Aí, até mesmo o aborto é apresentado como uma "solução", especialmente para os países pobres.

No entanto, há outros segmentos que apontam a capacidade do mundo de atender a todas as demandas de seus habitantes. O mal residiria mais no egoísmo humano, que leva a reter as coisas somente para si, do que na falta de capacidade da terra.

"O nascimento do bebê sete bilhões não é uma maldição, mas uma bênção para todos. Não é um problema, e sim um recurso. O problema a longo prazo da humanidade não é o excesso, senão a escassez de crianças”, explica o presidente do Population Research Institute (PRI), Steve Mosher, no último boletim do Instituto.

"A solução das questões conexas ao crescimento demográfico deve ser antes perseguida no simultâneo respeito tanto da moral sexual quanto da moral social, promovendo uma maior justiça e autêntica solidariedade para dar por todo lado dignidade à vida, a começar por condições econômicas, sociais e culturais", sentencia o Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

O próprio diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, intervindo na II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que aconteceu em outubro de 2009, no Vaticano, revelou: "O problema da segurança alimentar neste mundo é antes de tudo uma questão de mobilização política a alto nível para que tais recursos sejam disponibilizados. É uma questão de prioridade diante das necessidades humanas fundamentais. O que constatamos hoje é o resultado das decisões fundamentadas em motivações materialistas, em detrimento dos referenciais éticos. Vemos condições de vida injustas e um mundo desigual, no qual um número restrito de pessoas enriquece-se cada vez mais enquanto a maioria da população está a empobrecer. Existem na terra meios econômicos suficientes, tecnologias eficazes e recursos naturais e humanos para eliminar definitivamente a fome no mundo".

Em que acreditar? Sobre esses aspectos, a doutrina da Igreja Católica pode ajudar de modo decisivo a se formar uma opinião mais amadurecida (clique nos subtítulos e acesse os documentos na íntegra).


DECLARAÇÃO SOBRE A DIMINUIÇÃO DA FERTILIDADE NO MUNDO

Em 1998, o Pontifício Conselho para a Família (PCF) divulgou este documento, que aborda diretamente a "versão global e errônea" de que o mundo seria prisioneiro de um crescimento demográfico exponencial, galopante, que levaria a uma explosão demográfica.

"Com efeito, após cerca de trinta anos, as conferências patrocinadas pela ONU tiveram como efeito provocar inquietudes infundadas sobre as questões demográficas, de modo particular nos países do Sul. Baseando-se nestes dados alarmistas, diferentes organismos das Nações Unidas inverteram, e continuam a inverter, consideráveis meios financeiros, com a finalidade de obrigar inúmeros países a adotarem políticas maltusianas. É um fato provado que esses programas, supervisionados a partir do exterior, comportam habitualmente medidas coercitivas de controle da natalidade. De igual modo, a ajuda ao desenvolvimento está regularmente condicionada à aplicação de programas de controle da população, que incluem a esterilização forçada ou realizada sem que as vítimas o saibam. Por outro lado, estas ações maltusianas são assumidas e ampliadas pelos governos nacionais, com a colaboração de organizações não governamentais (ONG), entre as quais a mais conhecida é a Federação Internacional da Planificação da Família (IPPF). Nos países pobres, as primeiras vítimas desses programas são as populações inocentes e indefesas. Elas são enganadas deliberadamente, impelindo-as a aceitar a sua mutilação, sob o pretexto falso de que se trata da condição prévia para o seu desenvolvimento".

No entanto, os dados mostram que a taxa de crescimento da população mundial não cessa de diminuir a um ritmo regular e significativo. Cerca de 1/3 dos países do mundo já não consegue substituir as suas gerações, ou seja, possuem um índice sintético de fecundidade - número de filhos por mulher - inferior a 2,1, o nível mínimo indispensável para a renovação das gerações nos países que contam com as melhores condições sanitárias.

Algumas das principais causas para essa realidade são: a diminuição do número de casamentos; o aumento da idade média da maternidade, com leis trabalhistas que não facilitam o desejo das mulheres de conciliar de maneira harmônica a vida familiar e a atividade profissional; a ausência de uma verdadeira política familiar; difusão das técnicas químicas de contracepção, e com frequência a legalização do aborto, ao mesmo tempo em que se debilitavam as políticas favoráveis ao acolhimento da vida; esterilização em massa.

Entre as consequências mais preocupantes estão: a proporção dos jovens nas populações diminui em grande medida; aumenta a proporção das pessoas idosas diretamente dependentes do governo, enquanto a base produtiva da sociedade, os jovens, fonte de entradas para as finanças públicas, reduz-se - para garantir o funcionamento dos sistemas de segurança social, torna-se grande a tentação de recorrer à eutanásia.


Montagem sobre fotos / Arquivo
Paulo VI: "Problema da natalidade deve ser considerado à luz da visão integral do homem e da sua vocação"
HUMANAE VITAE - PAPA PAULO VI

Publicado em 1968, é um dos documentos do magistério pontifício que trata com mais ênfase a questão da regulação ou controle da natalidade.

"O problema da natalidade, como de resto qualquer outro problema que diga respeito à vida humana, deve ser considerado numa perspectiva que transcenda as vistas parciais - sejam elas de ordem biológica, psicológica, demográfica ou sociológica - à luz da visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna", sublinha o Pontífice.

No mesmo texto, o Santo Padre declara "que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas. É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua, quer temporária, tanto do homem como da mulher. É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação".

Paulo VI, enfim, indica um caminho seguro: "a via de uma política familiar providente, de uma sábia educação das populações, que respeite a lei moral e a liberdade dos cidadãos".


A FOME NO MUNDO - UM DESAFIO PARA TODOS: O DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO

O documento do Pontifício Conselho Cor Unum, publicado em 1996, indica: "O crescimento demográfico demasiado rápido constitui uma causa ou uma consequência do subdesenvolvimento? Excluindo os casos extremos, a densidade demográfica não justifica a fome. [...] Considera-se que existem maiores possibilidades de reduzir um excessivo crescimento demográfico empenhando-se em diminuir a pobreza de massa, ao invés de vencer a pobreza contentando-se em diminuir as taxas de aumento demográfico".

Os motivos das dificuldades alimentares, dessa forma, residem mais nos desequilíbrios impostos pelos Estados, a política e a gestão econômica, e não em causas objetivas ou pobreza econômica.

O documento também explica que, à medida que enriquecem, os povos passam de uma situação de elevada natalidade à situação inversa: baixos níveis de natalidade e de mortalidade. No entanto, o período de transição pode ser crítico sob o ponto de vista dos recursos alimentares, pois a taxa de mortalidade diminui antes da de natalidade. Mas transformações tecnológicas que acompanhem o crescimento da população são a solução mais justa e eficaz para a questão.

Quanto à realidade de pais cujo nível sócio-cultural entende que somente um elevado número de filhos garante produção e segurança, a Igreja defende uma educação para a paternidade e maternidade responsáveis, respeitando inteiramente os princípios éticos, bem como a necessidade de se dar "acesso a métodos de controle da fecundidade, que estejam em harmonia com a verdadeira natureza do homem", como o método billings, por exemplo.

As investigações têm demonstrado que outros três fatores, além do controle demográfico, contribuem de modo igual e mais ético para a diminuição do crescimento da população mundial. Trata-se do desenvolvimento econômico e social, do melhoramento das condições de vida das mulheres e, paradoxalmente, da redução da mortalidade infantil.


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João XXIII: "A solução acertada encontra-se apenas num progresso econômico e social que respeite e fomente os genuínos valores humanos"
MATER ET MAGISTRA - PAPA JOÃO XXIII

Já em 1961, o Papa abordava a questão do desequilíbrio entre a população e os meios de subsistência. Citando estatísticas que apontavam o "problema", João XXIII aponta que "há quem julgue indispensável recorrer a medidas drásticas para evitar ou diminuir a natalidade".

No entanto, ele mesmo indica: "A verdade é que, situado o problema no plano mundial, não parece que a relação entre o incremento demográfico, por um lado, e o desenvolvimento econômico e a disponibilidade dos meios de subsistência, por outro, venham a criar dificuldades". Isso, logicamente, a partir de um renovado esforço científico e técnico, por parte do homem, no sentido de aperfeiçoar e estender cada vez mais o seu domínio sobre a natureza.

"Por isso, a solução fundamental do problema não deve procurar-se em expedientes que ofendem a ordem moral estabelecida por Deus e atacam os próprios mananciais da vida humana", explica.

Afirmando que sabe da existência de áreas e países com graves dificuldades, motivadas por uma organização econômica e social deficiente que não oferece meios de vida proporcionais ao índice do incremento demográfico e também à insuficiência da solidariedade entre os povos, o Papa ressalta:

"Todavia, mesmo em tais casos, devemos afirmar claramente desde já que estes problemas não se podem encarar, nem estas dificuldades se podem vencer, recorrendo a métodos e meios que são indignos de um ser racional e só encontram explicação num conceito puramente materialista do homem e da vida. A solução acertada encontra-se apenas num progresso econômico e social que respeite e fomente os genuínos valores humanos, individuais e sociais, em conformidade com a moral, com a dignidade e o imenso valor da vida humana, e, juntamente, numa colaboração em escala mundial que permita e fomente a circulação ordenada e fecunda de conhecimentos úteis, de capitais e pessoas".

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João Paulo II: família é santuário da vida



CENTESIMUS ANNUS - JOÃO PAULO II


O documento foi escrito em 1991. Ao demarcar a necessidade de se voltar a considerar a família como santuário da vida, o Beato indica que, contudo, "o engenho humano parece orientar-se, nesse campo, mais para limitar, suprimir ou anular as fontes da vida, chegando até ao recurso do aborto, infelizmente tão espalhado pelo mundo, do que para defender e criar possibilidades à mesma vida. Na Encíclica Sollicitudo rei socialis, foram denunciadas as campanhas sistemáticas contra a natalidade, que, baseadas numa concepção distorcida do problema demográfico e num clima de 'absoluta falta de respeito pela liberdade de decisão das pessoas interessadas', as submetem muitas vezes 'a pressões intoleráveis (...) a fim de cederem a esta nova forma de opressão'. Trata-se de políticas que, com novas técnicas, estendem o seu raio de ação até ao ponto de chegarem, como numa 'guerra química', a envenenar a vida de milhões de seres humanos indefesos".




GAUDIUM ET SPES - CONCÍLIO VATICANO II

O documento, já em 1965, aponta para o fato de que muitos afirmam que o aumento da população do globo deve ser absoluta e radicalmente diminuído por todos os meios e por qualquer espécie de intervenção da autoridade pública.

"O Concílio exorta todos a que evitem as soluções, promovidas privada ou publicamente ou até por vezes impostas, que sejam contrárias à lei moral. Porque [...] a decisão acerca do número de filhos depende do reto juízo dos pais e de modo algum se pode entregar ao da autoridade pública. Mas como o juízo dos pais pressupõe uma consciência bem formada, é de grande importância que todos tenham a possibilidade de cultivar uma responsabilidade reta e autenticamente humana, que tenha em conta a lei divina, consideradas as circunstâncias objetivas e temporais; isto exige, porém, que por toda a parte melhorem as condições pedagógicas e sociais e, antes de mais, que seja dada uma formação religiosa ou, pelo menos, uma íntegra educação moral. Sejam também as populações judiciosamente informadas acerca dos progressos científicos alcançados na investigação dos métodos que ajudam os esposos na determinação do número de filhos, cuja segurança esteja bem comprovada e de que conste claramente a legitimidade moral".

O PURGATORIO EXISTE?VEJA AS PROVAS?


PURGATÓRIO NA HISTÓRIA DA IGREJA


O Purgatório é uma das doutrinas que mais tem sido rejeitada pelos protestantes. Frequentemente ouvimos fundamentalistas afirmarem, sem o mínimo rigor histórico, que trata-se de uma invenção de São Gregório Magno em plena Idade Média. Entre alguns exemplos que extraímos de diversos artigos da Internet encontra-se o do conhecido protestante anticatólico Dave Hunt:

"No Catolicismo, a 'purificação' ocorre em um lugar chamado 'purgatório', inventado pelo Papa Gregório o Grande no ano 593 d.C."[1].

Um comentário bastante semelhante é feito por Daniel Sapia, que cita o anterior em detalhes:
"A idéia do Purgatório - um lugar fictício de purificação final - foi inventada pelo Papa Gregório o Grande no ano 593. Havia tal rejeição para se aceitar a idéia - visto que era contrária à Escritura - que o Purgatório não se tornou um dogma oficial durante quase 850 anos, quando o Concílio de Florença, em 1439, o definiu"[2].

Seria verdade que o Purgatório é uma invenção de São Gregório Magno, na Idade Média, como afirma Hunt e repete Sapia? Seria verdade que houve tal rejeição para se aceitar a doutrina do Purgatório que não se tornou um dogma de fé até o Concílio de Florença?
Antes de respondermos a estas perguntas é necessário estudar a doutrina do Purgatório, caso contrário não a reconheceremos nos escritos da Igreja primitiva:

A DEFINIÇÃO DE PURGATÓRIO NO CATECISMO DA IGREJA E NOS CONCÍLIOS ECUMÊNICOS O Catecismo da Igreja Católica explica o Purgatório da seguinte maneira: "1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
1031. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:


'No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro' (São Gregório Magno, Dial. 4,39)".

É oportuno começar esclarecendo a inexatidão de Sapia - a quem algumas lições de história não fariam mal! - pois já antes do Concílio Ecumênico de Florença dois outros Concílios Ecumênicos haviam definido o Purgatório de forma clara: os Concílios Ecumênicos de Lião I e II, em 1245 e 1274 respectivamente:
"...Finalmente, afirmando a Verdade no Evangelho, que se alguém blasfemar contra o Espírito Santo não ser-lhe-á perdoada nem neste mundo nem no futuro [Mat. 12,32], o que dá a entender que algumas culpas são perdoadas no século presente e outras no futuro, bem como também disse o Apóstolo, que o fogo provará a obra de cada um; e aquele cuja obra arder sofrerá dano; ele, porém, se salvará, mas como quem passa pelo fogo [1Cor. 3,13.15]; e como os próprios gregos dizem que crêem e afirmam verdadeira e indubitavelmente que as almas daqueles que morrem, recebida a penitência, porém sem cumprí-la; ou sem pecado mortal, mas apenas veniais e pequenos; são purificadas após a morte e podem ser auxiliadas pelos sufrágios da Igreja; visto que [os gregos] dizem que o lugar desta purificação não lhes foi indicado com nome certo e próprio por seus doutores, como nós que, de acordo com as tradições e autoridades dos Santos Padres, o chamamos 'Purgatório', queremos que daqui por diante também eles o chamem por este nome. Porque com aquele fogo transitório certamente são purificados os pecados, não os criminais ou capitais que antes não tenham sido perdoados pela penitência, mas os pequenos ou veniais, que pesam mesmo depois da morte, ainda que tenham sido perdoados em vida..." (Concílio Ecumênico de Lião I, 13º Ecumênico).
"
...Mas por causa dos diversos erros que alguns por ignorância e outros por malícia introduziram, devemos dizer e pregar que aqueles que depois do batismo caem no pecado não devem ser rebatizados, mas que obtêm pela verdadeira penitência o perdão dos pecados. E se verdadeiramente arrependidos morrerem em caridade antes de ter satisfeito com frutos dignos de penitência por seus atos e omissões, suas almas são purificadas após a morte com penas purgatórias ou catartérias, como nos explicou frei João; e para alívio dessas penas lhes aproveitam os sufrágios dos fiéis vivos a saber: os sacrifícios das missas, as orações e esmolas, e outros ofícios de piedade que, segundo as instituições da Igreja, alguns fiéis costumam a fazer em favor de outros. Mas aquelas almas que após terem recebido o santo batismo não incorreram em mancha alguma de pecado e também aquelas que após o contraírem se purificaram - quer enquanto permaneciam em seus corpos quer após deixá-los - como acima foi dito, são recebidas imediatamente no céu" (Concílio de Lião III, 14º Ecumênico).

Com efeito, o Concílio de Florença simplesmente reafirmava o que estes outros Concílios Ecumênicos já tinham definido alguns séculos antes:

"...Desta forma, se os verdadeiros penitentes deixarem este mundo antes de terem satisfeito com frutos dignos de penitência pela ação ou omissão, suas almas são purgadas com penas purificatórias após a morte; e para serem aliviadas destas penas, lhes aproveitam os sufrágios dos fiéis vivos, tais como o sacrifício da missa, orações e esmolas, e outros ofícios de piedade que os fiéis costumam praticar por outros fiéis, segundo as instituições da Igreja. E que as almas daqueles que após receberem o batismo não incorreram absolutamente em mancha alguma de pecado e também aquelas que, após contrair mancha de pecado, a purgaram, quer enquanto viviam em seus corpos quer após o deixarem, segundo o que foi dito acima, são imediatamente recebidas no céu..." (Concílio de Florença, 17º Ecumênico).

O mesmo reafirma o Concílio de Trento (de 1545 a 1563):
"Tendo a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, segundo a doutrina da Sagrada Escritura e da antiga tradição dos Padres, ensinado nos sagrados concílios e atualmente neste Geral de Trento, que existe Purgatório, e que as almas detidas nele recebem alivio com os sufrágios dos fiéis e em especial com o aceitável sacrifício da missa, ordena o Santo Concílio aos Bispos, que cuidem com máximo esmero que a santa doutrina do Purgatório, recebida dos santos Padres e sagrados concílios, seja ensinada e pregada em todas as partes, e que seja acreditada e conservada pelos fiéis cristãos. Excluam-se, todavia, dos sermões pregados em língua vulgar à plebe rude, as questões muito difíceis e sutis que a nada conduzem à edificação e com as quais raras vezes se aumenta a piedade. Também não se permita que sejam divulgadas e tratadas as coisas incertas, ou que tenham vislumbres ou indícios de falsidade. Ficam proibidas, por serem consideradas escandalosas e que servem de tropeço aos fiéis, as que tocam em certa curiosidade ou superstição, ou tem resíduos de interesse ou de sórdida ganância. Os bispos deverão cuidar para que os sufrágios dos fiéis, a saber, os sacrifícios das missas, as orações, as esmolas e outras obras de piedade que costumam fazer pelos defuntos, sejam executados piedosa e devotadamente segundo o estabelecido pela Igreja, e que seja satisfeita com esmero e exatidão, tudo quanto deve ser feito pelos defuntos, segundo exijam as fundações dos entendidos ou outras razões, não superficialmente, mas sim por sacerdotes e ministros da Igreja e outros que têm esta obrigação" (Concílio de Trento, 19º Ecumênico - Sessão 25: Decreto sobre o Purgatório).

Porém, muito antes destas definições conciliares, era amplamente conhecida a doutrina do

Purgatório, como bem demonstram as seguintes evidências patrísticas: PERPÉTUA Santa Perpétua foi uma mártir cristã martirizada em 203 juntamente com outros cinco cristãos (Felicidade, Revocato, Saturnino, Segundo e Saturo).
Esquanto estava na prisão, teve uma dupla visão em que viu seu irmão, falecido 7 anos antes, sair de um lugar tenebroso onde estava sofrendo. Santa Perpétua passou então a rezar pelo descanso eterno de sua alma e, logo após ser ouvida pelo Senhor, teve uma segunda visão em que viu seu irmão seguro e em paz porque sua pena havia sido satisfeita:

"Imediatamente, nessa mesma noite, isto me foi mostrado em uma visão: eu vi Dinocrate saindo de um lugar sombrio, onde se encontravam também outras pessoas; e ele estava magro e com muita sede, com uma aparência suja e pálida, com o ferimento de seu rosto quando havia morrido. Dinocrate foi meu irmão de carne, tendo falecido há 7 anos de uma terrível enfermidade... Porém, eu confiei que a minha oração haveria de ajudá-lo em seu sofrimento e orei por ele todo dia, até irmos para o campo de prisioneiros... Fiz minha oração por meu irmão dia e noite, gemendo e lamentando para que [tal graça] me fosse concedida. Então, certo dia, estando ainda prisioneira, isto me foi mostrado: vi que o lugar sombrio que eu tinha observado antes estava agora iluminado e Dinocrate, com um corpo limpo e bem vestido, procurava algo para se refrescar; e onde havia a ferida, vi agora uma cicatriz; e essa piscina que havia visto antes, vi que seus níveis haviam descido até o umbigo do rapaz. E alguém incessantemente extraía água da tina e próximo da orla havia uma taça cheia de água; e Dinocrate se aproximou e começou a beber dela e a taça não reduziu [o seu nível]; e quando ele ficou saciado, saiu pulando da água, feliz, como fazem as crianças; e então acordei. Assim, entendi que ele havia sido levado do lugar do castigo" (Paixão de Perpétua e Felicidade 2,3-4).[3]

ABÉRCIO
Bispo de Hierápolis, na Frígia, na segunda metade do século II e início do III, foi desde cedo bastante venerado pela Igreja grega e, posteriormente, pela Igreja latina. Sabe-se que visitou Roma regressando logo depois pela Síria e Mesopotâmia. Antes de morrer, compôs seu próprio epitáfio, datado de finais do século II ou início do III, em que pede que se ore por ele:

Cidadão de pátria ilustre, / Construí este túmulo durante a vida, / Para que meu corpo - num dia - pudesse repousar. / Chamo-me Abércio: / Sou discípulo de um Santo Pastor, / Que apascenta seu rebanho de ovelhas, / Por entre montes e planícies. / Ele tem enormes olhos que tudo enxergam, / Ensinou-me as Escrituras da Verdade e da Vida / [...] / Eu, Abércio, ditei este texto / E o fiz gravar na minha presença / Aos setenta e dois anos. / O irmão que o ler por acaso / Ore por Abércio." (Epitáfio de Abércio).[4]

ATOS DE PAULO E TECLA
Os Atos de Paulo e Tecla, escritos no século II (ano 160), narram a história de uma convertida que se converteu ao ouvir as pregações de São Paulo e, após desfazer o compromisso com seu noivo, se dedica a assistir Paulo na evangelização. Lemos aí uma oração de intercessão para que uma cristã falecida seja levada para o lugar dos justos:

"E após a exibição, Trifena novamente a recebeu. Sua filha Falconila havia morrido e disse para ela em sonhos: 'Mãe: deverias ter esta estrangeira, Tecla, como a mim, para que ela ore por mim e eu possa ser levada para o lugar dos justos" (Atos de Paulo e Tecla).[5]


CLEMENTE DE ALEXANDRIA
Nasceu por volta do ano 150, provavelmente em Atenas, de pais pagãos. Após tornar-se cristão, viajou pelo o sul da Itália, Síria e Palestina, em busca de mestres cristãos, até que chegou em Alexandria. Os ensinamentos de Panteno, líder da escola catequética de Alexandria (Egito), fizeram com que se estabelecesse ali. No ano 202, a perseguição de Sétimo Severo o obrigou a abandonar o Egito e a se refugiar na Capadócia, onde morreu pouco antes de 215.
Seu conhecimento dos escritos pagãos e da literatura cristã é notável! Segundo Quasten, em suas obras podemos encontrar cerca de 360 citações dos clássicos, 1500 do Antigo Testamento e 2000 do Novo; portanto, é considerado cronologicamente como o primeiro sábio cristão, conhecedor profundo não apenas da Sagrada Escritura mas ainda das obras cristãs anteriores a ele e, inclusive, obras da literatura profana.

Nos "Stromata" ou "Tapeçarias" (Στρωματεις), fala da purificação pelo "fogo" que a alma sofre posteriormente à morte, quando não atingiu a plena santidade: "Através de grande disciplina o crente se despoja das suas paixões e passa a mansão melhor que a anterior; passa pelo maior dos tormentos, tomando sobre si o arrependimento das faltas que possa ter cometido após o seu batismo. Então, é torturado mais ao ver que não conseguiu o que os outros já conseguiram. Os maiores tormentos são atribuídos ao crente porque a justiça de Deus é boa e sua bondade é justa; e estes castigos completam o curso da expiação e purificação de cada um" (Stromata 4,14).[6] "Porém, nós dizemos que o fogo santifica não a carne, mas as almas pecadoras; referindo-se não ao fogo comum, mas o da sabedoria, que penetra na alma que passa pelo fogo" (Stromata 8,6).[7]

TERTULIANO

Tertuliano nasceu em Cartago antes do ano 160. Por volta do ano 195, se converteu ao Cristianismo e chegou a se tornar em um notável escritor eclesiástico. Infelizmente, por volta do ano 207, aderiu abertamente à seita herética de Montano e acabou fundando sua própria seita (a dos Tertulianistas).

Encontram-se nos escritos de Tertuliano numerosas e claras referências ao Purgatório. Entre elas, podemos mencionar:
"De Anima" (Da Alma), que fala da purificação da alma após a morte; em "De Carnis Resurrectione" (Da Ressurreição da Carne), chega ao extremo de afirmar que apenas os mártires viverão diretamente na presença de Deus; em "De Monogamia" (Da Monogamia), fala como as orações pelos falecidos podem ajudá-los; e em "De Corona" (Da Coroa), menciona o costume da Igreja celebrar a Eucaristia pelo descanso eterno dos falecidos: "Por isso, é muito conveniente que a alma, sem esperar a carne, sofra um castigo pelo que tenha cometido sem a cumplicidade da carne. E, igualmente, é justo que, em recompensa pelos bons e piedosos pensamentos que tenha tido sem a cooperação da carne, receba consolos sem a carne. Mais ainda: as próprias obras realizadas com a carne, ela é a primeira a conceber, dispor, ordenar e pô-las em alerta. E ainda naqueles casos em que ela não consente em pô-las em alerta, no entanto, é a primeira a examinar o que logo fará no corpo. Enfim, a consciência não será nunca posterior ao fato. Consequentemente, também a partir deste ponto de vista, é conveniente que a substância que foi a primeira a merecer a recompensa seja também a primeira a recebê-la. Em suma: já que por esta lição que nos ensina o Evangelho entendemos o inferno, já que 'por esta dívida, devemos pagar até o último centavo', compreendemos que é necessário purificar-se das faltas mais ligeiras nesses mesmos lugares, no intervalo anterior à ressurreição; ninguém poderá duvidar que a alma recebe logo algum castigo no inferno sem prejuízo da plenitude da ressurreição, quando receberá a recompensa juntamente com a carne" (Da Alma 58: PL 2,751).[8] "Ao deixar o seu corpo, ninguém vai imediatamente viver na presença do Senhor - exceto pela prerrogativa do martírio, pois então adquire uma morada no paraíso e não nas regiões inferiores" (Da Ressurreição da Carne 43).[9] "Certamente, ela roga pela alma de seu marido; pede que durante este intervalo ele possa encontrar descanso e participar da primeira ressurreição [...] Oferece, a cada ano, o sacrifício no aniversário de sua dormição" (Da Monogamia 10).[10] "O sacramento da Eucaristia, encomendado pelo Senhor no tempo da ceia e para todos, o recebemos nas assembléias, antes do amanhecer, e não das mãos de outros que não sejam os que as presidem. Fazemos oblações pelos falecidos, a cada ano, nos dias de aniversário" (Da Coroa 3: PL 2,79).[11]
Não se pode deixar de observar que Tertuliano escreveu isto muitos anos antes de São Gregório Magno "sonhar" em nascer...

CIPRIANO DE CARTAGO
São Cipriano nasceu em torno do ano 200, provavelmente em Cartago, de família rica e culta. Dedicou-se, em sua juventude, à retórica. O desgosto que sentia diante da imoralidade dos ambientes pagãos contrastados com a pureza de costumes dos cristãos o induziu a abraçar o Cristianismo por volta do ano 246. Pouco depois, em 248, foi eleito bispo de Cartago. Durante a perseguição de Décio, em 250, julgou melhor afastar-se para outro lugar, para continuar a se ocupar com seu rebanho de fiéis. Dele conservamos uma dezena de opúsculos sobre diversos temas de então e, particularmente, uma coleção de 81 cartas.

Em São Cipriano encontramos, da mesma forma que nos anteriores, referências ao Purgatório feitas séculos antes de São Gregório Magno:

"Uma coisa é pedir perdão; outra coisa, alcançar a glória. Uma coisa é estar prisioneiro sem poder sair até ter pago o último centavo; outra coisa, receber simultaneamente o valor e o salário da fé. Uma coisa é ser torturado com longo sofrimento pelos pecados, para ser limpo e completamente purificado pelo fogo; outra coisa é ter sido purificado de todos os pecados pelo sofrimento. Uma coisa é estar suspenso até que ocorra a sentença de Deus no Dia do Juízo; outra coisa é ser coroado pelo Senhor" (Epístola 51,20).[12]

São Cipriano também atesta o comum costume de se fazer orações e oferecer a Eucaristia pelo descanso eterno dos falecidos, o que seria inútil caso as orações não pudessem ajudá-los:
"Oferecemos por eles sacrifícios, como percebeis, sempre que na comemoração anual celebramos os dias da paixão dos mártires" (Epístola 33,3).[13] No seguinte texto também podemos ver São Cipriano atestando de maneira implícita o costume de se oferecer a Eucaristia pelos falecidos. É negado para o caso particular de Victor em razão da violação das decisões conciliares, por ter ordenado ilegitimamente Gemínio Faustino como presbítero: "...E quanto a Victor, visto que contrariamente à forma prescrita pelo recente Concílio dos sacerdotes se atreveu a constituir tutor ao presbítero Gemínio Faustino, não há razão para que se celebre, entre vós, a oblação pela sua morte ou se reze por ele qualquer oração na Igreja; desta forma, observaremos nós o decreto dos sacerdotes, elaborado religiosamente e por necessidade, dando-se, ao mesmo tempo, exemplo aos demais irmãos, para que ninguém deseje as moléstias mundanas aos sacerdotes e ministros de Deus dedicados ao seu altar e Igreja" (Epístola 65,2).[14]

Outro texto similar:

"Finalmente, anotai também os dias em que eles morrem, para que possamos celebrar suas comemorações entre as memórias dos mártires; por mais que Tertuliano, nosso fidelíssimo e devotíssimo irmão, com aquela solicitude e cuidado que reparte com os irmãos sem se orgulhar da sua atividade, e como no cuidado dos cadáveres remanescentes ali, tenha escrito e me faça saber, entre outras coisas, os dias em que nossos ditosos irmãos partiram do cárcere para a imortalidade através de uma morte gloriosa, celebramos aqui nossas oblações e sacrifícios em comemoração deles, as quais prontamente celebraremos convosco, com a ajuda de Deus" (Epístola 36,2).[15].

ORÍGENES
Ilustre teólogo e escritor eclesiástico. Nascido em Alexandria por volta do ano 231, foi reconhecido como o maior mestre da doutrina cristã em sua época, exercendo uma extraordinária influência como intérprete da Bíblia:

Orígenes enxerga em 1Coríntios 3 uma alusão ao Purgatório:
"Pois se sobre o fundamento de Cristo contruístes não apenas ouro e prata mas pedras preciosas e ainda madeira, cana e palha, o que esperas que ocorra quando a alma seja separada do corpo? Entrarias no céu com tua madeira, cana e palha e, deste modo, mancharias o reino de Deus? Ou em razão destes obstáculos poderias ficar sem receber o prêmio por teu ouro, prata e pedras preciosas? Nenhum destes casos seria justo. Com efeito, serás submetido ao fogo que queimará os materiais levianos. Para nosso Deus, àqueles que podem compreender as coisas do céu, encontra-se o chamado 'fogo purificador'. Porém, este fogo não consome a criatura, mas aquilo que ela construiu: madeira, cana ou palha. É manifesto que o fogo destrói a madeira de nossas transgressões e logo nos devolve o prêmio de nossas grandes obras" (P.G. 13, col. 445,448).[16]

LACTÂNCIO
Loarte comenta que foi chamado "o Cícero cristão" por seu elegante manejo da língua latina. Nasceu no norte da África por volta do ano 250, de pais pagãos. Provavelmente converteu-se ao Cristianismo na Nicomédia. Durante a última grande perseguição, por volta do ano 303, viu-se obrigado a abandonar sua cátedra e exilar-se na Bitínia. Após o Edito de Milão, Constantino o chamou a Tréveris, para confiar-lhe a educação de Crispo, seu filho mais velho. Pouco mais conhecemos da vida de Lactâncio, que deve ter falecido por volta do ano 317.
Em suas "Instituições Divinas", livro 7, enxerga 1Coríntios 3 da mesma forma que Orígenes: como uma referência ao Purgatório...
"Porém, quando julgar os justos, Ele também os provará com fogo. Então aqueles cujos pecados excederem em peso ou número, serão chamuscados pelo fogo e queimados; mas aqueles a quem imbuiu a justiça e plena maturidade da virtude não perceberão esse fogo porque eles têm algo de Deus neles mesmos, que repele e rejeita a violência da chama" (Instituições Divinas 7,21).[17]

EFRÉM DA SÍRIA
Nasceu por volta do ano 306, no povoado de Nísibis (hoje chamada Nusaybim, na Turquia). Diácono, Doutor da Igreja e escritor eclesiástico. Estima-se que faleceu por volta do ano 373, embora alguns autores afirmem que viveu até 378 ou 379.

Em seu testamento, solicita que orem por ele e cita o livro dos Macabeus como evidência de que as orações dos vivos podem ajudar a expiar os pecados dos falecidos:
"Quando se cumprir o trigésimo dia [da minha morte], lembrai-vos de mim, irmãos. Os falecidos, com efeito, recebem ajuda graças a oferenda que fazem os vivos (...) Se como está escrito, os homens de Matatias encarregados do culto em favor do exército expiaram, pelas oferendas, as culpas daqueles que tinham perecido e eram ímpios por seus costumes, quanto mais os sacerdotes de Cristo, com suas santas oferendas e orações, expiarão os pecados dos falecidos" (Testamento, 72,28:EP 741).[18]

BASÍLIO MAGNO
Nasceu por volta do ano 330, do seio de uma família profundamente cristã. No ano 364 foi ordenado sacerdote e, 6 anos depois, sucedeu a Eusébio, bispo de Cesaréia, metropolita da Capadócia e exarca da diocese do Ponto. Faleceu no ano 379.

Fala como aqueles atletas de Deus, logo após terem sido salvos, podem ser "detidos" se por acaso conservarem algumas manchas de pecado:
"Penso que os valorosos atletas de Deus, os quais durante toda a sua vida estiveram frequentemente em luta contra os seus inimigos invisíveis, após terem superado todos os seus ataques, ao chegarem ao fim de suas vidas serão examinados pelo príncipe do século, a fim de que, se em consequência das lutas tiverem algumas feridas ou certas manchas ou vestígios de pecado, sejam detidos; porém, se são encontrados imunes e incontaminados, como invictos e livres encontram o descanso junto a Cristo" (Homilias sobre os Salmos 7,2: PG 29,232).[19]

CIRILO DE JERUSALÉM
Nasceu em Jerusalém ou em sua circunvizinhança, em torno do ano 313 ou 315. Foi Padre da Igreja e arcebispo de Jerusalém. Estima-se que morreu em 386.

Em sua catequese reafirma a imemorial Tradição da Igreja de orar pelos falecidos por seu eterno descanso:
"Recordamos também de todos os que já dormiram; em primeiro lugar, os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, para que, por suas preces e intercessão, Deus acolha a nossa oração. Depois, também pelos santos padres, bispos falecidos e, em geral, por todos cuja vida transcorreu entre nós, crendo que isso será da maior ajuda para aqueles por quem se reza. Quero vos esclarecer isso com um exemplo: visto que muitos ouviram dizer: para que serve a uma alma sair deste mundo com ou sem pecados se depois faz-se menção dela na oração? Suponhamos, por exemplo, que um rei envia ao desterro alguém que o ofendeu; porém, depois, os seus parentes, afligidos pela pena, lhe oferecem uma coroa. Por acaso não ficarão agradecidos pelo relaxamento dos castigos? Do mesmo modo, também nós apresentamos súplicas a Deus pelos falecidos, ainda que sejam pecadores. E não oferecemos uma coroa, mas sim Cristo morto por nossos pecados, pretendendo que o Deus misericordioso se compadeça e seja propício tanto com eles quanto conosco" (Catequese 13,9-10).[20]

EPIFÂNIO DE SALAMINA
Nasceu por volta do ano 315 na Judéia. Fundou um mosteiro que dirigiu por quase 30 anos. Foi bispo de Salamina e metropolita do Chipre. Morreu no ano 367.

Testemunha, da mesma maneira que os anteriores, a utilidade das orações pelos falecidos para obter de Deus o perdão das suas culpas:
"Quanto a recitação dos nomes dos falecidos, o que pode haver de mais útil e que seja mais oportuno e digno de louvor, a fim de que os presentes percebam que os falecidos continuam vivendo e não foram reduzidos ao nada, mas continuam existindo e vivem junto do Senhor, restando assim afiançada a esperança daqueles que rezam por seus irmãos falecidos, considerando-os como se tivessem emigrado para outro país? São úteis, com efeito, as preces que são feitas em seu favor, mesmo que não possam eliminar todas as suas culpas" (Panarion 75,8: PG 42,513).[21]
GREGÓRIO DE NISSA
Nasceu entre os anos 331 e 335. Era irmão de São Basílio Magno, que o consagrou bispo de Nissa em 371. Faleceu no ano 394.

O seguinte texto é uma referência tão clara ao Purgatório que não necessita de nenhum comentário:
"Quando ele renuncia a seu corpo e a diferença entre a virtude e o vício é conhecida, não pode pode se aproximar de Deus até que seja purificado com o fogo que limpa as manchas com as quais a sua alma está infectada. Esse mesmo fogo em outros cancelará a corrupção da matéria e a propensão ao mal" (Sermão sobre a Morte 2,58).[22]

JOÃO CRISÓSTOMO
São João Crisóstomo é o representante mais importante da Escola de Antioquia e um dos quatro grandes Padres da Igreja no Oriente. Nascido por volta do ano 350, talvez antes, foi ordenado sacerdote no ano 386 e em 397 foi consagrado bispo de Constantinopla. Morreu em 407.
Atesta que foram os próprios Apóstolos que instituíram a celebração da eucaristia pelo descanso eterno dos falecidos e exorta a não cessarmos de ajudar os defuntos com nossas orações, já que, graças a elas, recebem consolo:

Não sem razão foi determinado, mediante leis estabelecidas pelos Apóstolos, que na celebração dos sagrados e impressionantes mistérios se faça a memória dos que já passaram desta vida. Sabiam, com efeito, que com isso os falecidos obtêm muito fruto e tiram grande proveito. Quando todo o povo e os sacerdotes estão com as mãos estendidas e se está celebrando o santo sacrifício, por acaso Deus não se mostrará propício com aqueles em favor dos quais lhe imploramos? Tratam-se daqueles que morreram conservando a fé" (Homilias sobre a Carta aos Filipenses 3,4: PG 62,203).[23] "Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai, 'porque deveríamos duvidar que quando nós também oferecemos [o sacrifício] pelos que já partiram, recebem eles algum consolo'? Já que Deus costuma atender aos pedidos 'daqueles que pedem pelos demais', não cansemos de ajudar os falecidos, oferecendo em seu nome e orando por eles" (Homilias sobre 1Corintios 41,8).[24]

SANTO AGOSTINHO
Doutor da Igreja nascido em Tagaste (África) no ano 354, filho de Santa Mônica. Após uma vida ímpia, converteu-se no ano 387 e, posteriormente, foi eleito bispo de Hipona, ministério que exerceu durante 34 anos. É considerado um dos Padres mais influentes do Ocidente e seus escritos são de grande atualidade. Morreu no ano 430.

As descrições do Purgatório por parde de Santo Agostinho também são bastante anteriores a São Gregório Magno e são tão claras que tampouco necessitam de explicações:

"Senhor, não me interpeles na tua indignação. Não me encontres entre aqueles a quem haverás de dizer: 'ide para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos'. Nem me corrijas em teu furor, mas purifica-me nesta vida e torna-me tal que já não necessite do fogo corretor, atendendo aos que hão de salvar-se, ainda que, não obstante, como que através do fogo. Por que acontece isto se não é porque edificam aqui sobre o cimento, lenha, palha e feno? Se tivesse edificado sobre o ouro, a prata e as pedras preciosas, estariam livres de ambas as classes de fogo, não apenas daquele eterno, que atormentará os ímpios para sempre, mas também daquele que corrigirá aos que hão de salvar-se através do fogo" (Comentário ao Salmo 37,3: BAC 235,654).[25]

"Quando alguém padece algum mal, pela perversidade ou erro de um terceiro, peca, certamente, o homem que por ignorância ou injustiça causa um mal a alguém; porém não peca Deus, que por um justo mas oculto desígnio, permite que isto ocorra. Contudo, há penas temporais que alguns padecem apenas nesta vida, outros após a morte, e outros agora e depois. De toda forma, estas penas são sofridas antes daquele severíssimo e definitivo juízo. Mas nem todos os que hão de sofrer penas temporais através da morte cairão nas eternas, que terão lugar após o juízo. Haverá alguns, de fato, a quem se perdoarão no século futuro o que não se lhes foi perdoado no presente; ou seja, que não serão castigados com o suplício eterno do século futuro, como falamos mais acima" (A Cidade de Deus 21,13: BAC 172,791-792).[26]
"A maior parte [das pessoas], uma vez conhecida a obrigação da lei, se veem vencidas primeiramente pelos vícios que chegam a dominá-las; tornam-se, assim, transgressoras da lei. Logo buscam refúgio e auxílio na graça, com a qual recuperarão a vitória, mediante uma amarga penitência e uma luta mais vigorosa, submetendo primeiro o espírito a Deus e obtendo depois o domínio sobre a carne. Quem quiser, pois, evitar as penas eternas não deve apenas se batizar; deve ainda se santificar seguindo a Cristo. Assim é como quem passa do diabo para Cristo. Quanto às penas expiatórias, não pense ninguém em sua existência se não será antes do último e terrível juízo" (A Cidade de Deus 21, 16: BAC 172,798.[27] "Não se pode negar que as almas dos falecidos são aliviadas pela piedade dos parentes vivos, quando oferecem por elas o sacrifício do Mediador ou quando praticam esmolas na Igreja. Porém, estas coisas aproveitam aquelas [almas] que, quando viviam, mereceram que se lhes pudessem aproveitar depois. Pois há um certo modo de viver, nem tão bom que aproveite destas coisas depois da morte, nem tão mal que não lhes aproveitem; há tal grau no bem que o que possui não aproveita de menos; ao contrário, há tal [grau] no mal que não pode ser ajudado por elas quando passar desta vida. Portanto, aqui o homem adquire todo o mérito com que pode ser aliviado ou oprimido após a morte. Ninguém espere merecer diante de Deus, quando tiver falecido, o que durante a vida desprezou" (Das Oito Questões de Dulcício 2, 4: BAC 551,389).[28] "Lemos nos livros dos Macabeus que foi oferecido um sacrifício pelos falecidos. E apesar de não podermos ler isto em nenhum outro lugar do Antigo Testamento, não é pequena a autoridade da Igreja universal que reflete este costume, quando nas orações que o sacerdote oferece ao Senhor, nosso Deus, sobre o altar encontra seu momento especial na comemoração dos falecidos" (Do Cuidado devido aos Mortos 1,3: BAC 551,439).[29] "Na pátria (=céu) não haverá lugar para a oração, mas apenas para o louvor. Por que não para a oração? Porque nada faltará. O que aqui é objeto de fé, ali será objeto de visão. O que aqui se espera, ali se possuirá. O que aqui se pede, ali se recebe. Contudo, nesta vida existe uma certa perfeição alcançada pelos santos mártires. A isto se deve o uso eclesiástico, conhecido pelos fiéis, de se mencionar os nomes dos mártires diante do altar de Deus; não para orar por eles, mas pelos demais falecidos de que se faz menção. Seria uma injúria rogar por um mártir, a cujas orações devemos nos encomendar. Ele lutou contra o pecado até derramar seu sangue. Aos outros, imperfeitos todavia, mas sem dúvida parcialmente justificados, diz o Apóstolo na Epístola aos Hebreus: 'Todavia não resististes até tombar em vossa luta contra o pecado'" (Sermão 159,1: BAC 443,498).[30]

GREGÓRIO MAGNO
Papa e doutor da Igreja, é o quarto e último dos originais Doutores da Igreja latina. Defendeu a supremacia do Papa e trabalhou pela reforma do clero e da vida monástica. Nasceu em Roma por volta do ano 540 e faleceu em 604.

Enxergava em Mateus 12,32 uma referência implícita ao Purgatório:
"Tal como alguém sai deste mundo, assim se apresenta no Juízo. Porém, deve-se crer que exista um fogo purificador para expiar as culpas leves antes do Juízo. A razão para isso é que a Verdade afirma que se alguém disser uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isto não lhe será perdoado nem neste século nem no vindouro. Com esta sentença se dá a entender que algumas culpas podem ser perdoadas neste mundo e algumas no outro, pois o que se nega em relação a alguns deve-se compreender que se afirma em relação a outros (...) No entanto, tal como já disse, deve-se crer que isto se refere a pecados leves e de menor importância" (Diálogos 4,39: PL 77,396).[31]

CONCLUSÃO
Isto é apenas uma seleção parcial de textos patrísticos referentes ao Purgatório. Na verdade, torna-se difícil entender, à luz das sentenças anteriores, como ainda existem pessoas que afirmam que o Purgatório foi invenção da Idade Média. Peço a Deus que isto se dê por ignorância e não por malícia. Felizmente, estes textos estão ao alcance de todos e oferecem uma evidência indiscutível quanto a fé da Igreja primeira... a nossa Igreja [católica].

2 - O ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus do Antigo Testamento; cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. “Então encontraram debaixo da túnica de cada um dos mortos objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, coisas proibidas pela Lei dos judeus. Ficou assim evidente a todos que haviam tombado por aquele motivos… puseram-me em oração, implorando que o pecado cometido encontrasse completo perdão… Depois [Judas] ajuntou, numa coleta individual, cerca de duas mil dracmas de prata, que enviou a Jerusalém para que se oferecesse um sacrifício propiciatório. Com ação tão bela e nobre ele tinha em consideração a ressurreição, porque, se não cresse na ressurreição dos mortos, teria sido coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Além disso, considerava a magnífica recompensa que está reservada àqueles que adormecem com sentimentos de piedade. Santo e pio pensamento! Por isso, mandou oferecer o sacrifício expiatório, para que os mortos fossem absolvidos do pecado” (2Mc 12,39-45). O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: “Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s) .Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé. Cometeram uma falta que não foi mortal.
Fica claro no texto de Macabeus que os judeus oravam pelos seus mortos e por eles ofereciam sacrifícios, e que os sacerdotes hebreus já naquele tempo aceitavam e ofereciam sacrifícios em expiação dos pecados dos falecidos e que esta prática estava apoiada sobre a crença na ressurreição dos mortos. E como o livro dos Macabeus pertence ao cânon dos livros inspirados, aqui também está uma base bíblica para a crença no Purgatório e para a oração em favor dos mortos.

- Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E S. Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor “receberá uma recompensa”; mas, se não resistir, o seu autor “sofrerá detrimento”, isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador “se salvará, mas como que através do fogo”, isto é, com sofrimentos.

4 - Na passagem de Mc 3,29, também há uma imagem nítida do Purgatório:”Mas, se o tal administrador imaginar consigo: ‘Meu senhor tardará a vir’. E começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar (…) e o mandará ao destino dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes.” (Lc 12,45-48). É uma referência clara ao que a Igreja chama de Purgatório. Após a morte, portanto, há um “estado” onde os “pouco fiéis” haverão de ser purificados.

5 - Outra passagem bíblica que dá margem a pensar no Purgatório é a de (Lc 12,58-59): “Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo.” O Senhor Jesus ensina que devemos sempre entrar “em acordo” com o próximo, pois caso contrário, ao fim da vida seremos entregues ao juiz (Deus), nos colocará na “prisão” (Purgatório); dali não sairemos até termos pago à justiça divina toda nossa dívida, “até o último centavo”. Mas um dia haveremos de sair. A condenação neste caso não é eterna. A mesma parábola está´ em

Mt 5, 22-26: “Assume logo uma atitude reconciliadora com o teu adversário, enquanto estás a caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo” . A chave deste ensinamento se encontra na conclusão deste discurso de Jesus: “serás lançado na prisão”, e dali não se sai “enquanto não pagar o último centavo”.

6 - A Passagem de São Pedro 1Pe 3,18-19; 4,6, indica-nos também a realidade do Purgatório:”Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados (…) padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos na prisão, aqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes (…).” Nesta “prisão” ou “limbo” dos antepassados, onde os espíritos dos antigos estavam presos, e onde Jesus Cristo foi pregar durante o Sábado Santo, a Igreja viu uma figura do Purgatório. O texto indica que Cristo foi pregar “àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes”. Temos, portanto, um “estado” onde as almas dos antepassados aguardavam a salvação. Não é um lugar de tormento eterno, mas também não é um lugar de alegria eterna na presença de Deus, não é o céu. È um “lugar” onde os espíritos aguardavam a salvação e purificação comunicada pelo próprio Cristo

Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu” (CATECISMO DA IGREJA CATOLICA, §1030).
O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567´1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório”. Eis o que ele nos diz:

1 ´ As almas alí vivem uma contínua união com Deus.

2 ´ Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar´se no inferno a apresentar´se manchadas diante de Deus.

3 ´Purificam´se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4 ´ Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5 ´ São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6´ Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7 ´ São consoladas pelos anjos.

8 ´ Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável

9 ´ As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10 ´ Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama´lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11 ´ O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor. ( Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981)

Indulgências para o dia de Finados.


a) Aos que visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: diariamente, do dia 1.° ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. Nos restantes dias do ano, Indulgência Parcial (Enchir. Indul., n. 13).

b) Ainda neste dia, em todas as igrejas, oratórios públicos ou semipúblicos, igualmente lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à igreja, durante a qual se deve rezar o Pai Nosso e o Credo, confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e uma Ave Maria, ou qualquer outra oração ad libitum).

Será que é para isso que Cristo instituiu a Igreja?


Uma manchete da uol.com.br trouxe essa notícia: “Paralisação de Belo Monte é comandada por bispo” – 27/10/11

A notícia diz que “a tomada dos canteiros de obra da usina de Belo Monte, no Pará, é liderada por Dom Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu. Neste momento, o bispo está presente no canteiro de obras, com cerca de 200 índios”. O movimento é puxado pela senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA). A Comissão Pastoral da Terra também participa do movimento.

Diante de uma notícia desta eu fico pensando: Será que Jesus Cristo faria o que este sr. Bispo está fazendo? Tenho minhas dúvidas. Foi assim que agiram São Pedro, São Paulo, os milhares de mártires, os santos, os doutores da Igreja, os santos confessores da fé. Não consigo ver nada disso neles… E não é porque naquele tempo não havia injustiças sociais; havia e muito piores que hoje; quando não havia FUNAI E ONGs para defender os índios. Que a senadora esteja lá eu admito, mas um bispo, tenho minhas dúvidas. Ele representa não só a si mesmo, mas a Igreja, e e Jesus Cristo, porque é sucessor dos Apóstolos de Cristo.

Não sei se o Papa Bento XVI viria a apoiar um ato desse. Se vier a apoiar, eu serei o primeiro a apoiar também, mas antes espero para ver. Para mim não tem sentido. Temo que o sentido de Evangelização esteja mudando; temo que a “promoção social” esteja substituindo a verdadeira mensagem salvífica do Evangelho, como alertou muito bem a “Nota Doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização”, da Sagrada Congregação da Fé do Vaticano, de 03/12/2007, que se preocupa muito com certa “falsa evangelização” que só busca dar aos fiéis o pão e não Deus. Joao Paulo II disse aos bispos do Brasil em Roma, em 1995, em visita “ad limina” que “o povo tem mais fome de Deus do que de pão”. Por que o povo católico ficou ‘meio carente’ foi buscá-lo nas comunidades protestantes e nas seitas.

Será que esses índios sabem o que é a Santíssima Trindade, sabem o que é a Eucaristia, a Confissão, a adoração ao Santíssimo Sacramento, o sentido da Redenção, da Missa, dos Sacramentos? Será que conhecem Nossa Senhora e rezam o Rosário? Será que conhecem a moral dos Dez Mandamentos? Sabem o que é a liturgia? Será que foram batizados, crismados, matrimoniados…? Ou vão ser deixados na deles para se salvarem na pajelança mesmo? Será que já ouviram o que São Pedro disse aos judeus, que não há salvação sem Jesus Cristo? (At 4, 12).

É preciso lembrar que para fazer ação social, protestar contra obras inadequadas, temos os políticos, as entidades de classe, o ministérios público, as ONGs, etc., mas para salvar as almas só temos a Igreja; se ela descuidar disso, o inferno pode ficar pequeno.

Prof. Felipe Aquino

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/10/27/paralisacao-de-belo-monte-e-comandada-por-bispo.jhtm


Fonte: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino

Consagração à Virgem Maria conforme o Tratado

Prezados Amigos,

O Juventutem Londrina tem a felicidade de convidá-lo para a preparação para a Consagração Conforme O Tratado De São Luís Maria De Montfort. O Padre Paulo Ricardo de Azevedo tem feito um excelente trabalho divulgando e incentivando a devoção mariana segundo esse método tradicional da Igreja, e nós do Juventutem Londrina resolvemos aderir à campanha do sacerdote.
Durante os próximos 40 dias estaremos nos reunindo na Catedral de Londrina, toda terça-feira para estudar o Tratado de São Luís e nos aprofundar na preparação para a Consagração à Maria.
O estudo do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem será ocbbccrientado pela nossa amiga Evelyn Mayer de Almeida, do Regina Apostolarum.
Para saber mais sobre a Consagração, assista aos vídeos do Padre Paulo Ricardo.


As reuniões serão todas as terças-feiras, às 19 horas, no auditório da Catedral Metropolitana de Londrina (entrada ao lado da Livraria Dom Geraldo).
Confira a programação dos próximos encontros.

PREPARAÇÃO PARA A CONSAGRAÇÃO CONFORME O TRATADO DE SÃO LUÍS MARIA DE MONTFORT
1º Encontro – 01/11
- Saudação Inicial
- Explicação sobre o que é a consagração, quem o escreveu e o significado da mesma para a Igreja.
- Explicação sobre o movimento nacional “Consagra-te”, Pe Paulo Ricardo e Pe Rodrigo Maria.
- Divulgação do material “Exercícios espirituais para a total consagração à Santíssima Virgem” e do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.
- Início da preparação dos doze dias preliminares.

2º Encontro – 08/11
- Saudação Inicial
- Explicação sobre a primeira semana – o conhecimento de si mesmo
- Recados, finalização

3º Encontro – 15/11
- Saudação inicial
- Explicação sobre a segunda semana – Conhecimento da Santíssima Virgem
- Recados, finalização
4º Encontro – 22/11
- Saudação inicial
- Explicação sobre a terceira semana – Conhecimento de Jesus Cristo
- Recados, finaização

5º Encontro – 29/11
- Saudação inicial
- Explicação sobre quem é a Santíssima Virgem e o que a Igreja diz sobre ela. (Pe Giovani)
- Recados, finalização

6º Encontro – 06/12
- Saudação Inicial
- Explicação sobre como será feita a consagração
- Confissões
- Recados, finalização

7º Encontro – 08/12
- Santa Missa de Consagração

Fonte: http://www.juventutemlondrina.org/2011/11/verdadeira-devocao-santissima-virgem.html

Pepsi utiliza restos de fetos abortados em suas bebidas

Gabriel Ferreira

O que o leitor acha de tomar um refrigerante feito com restos de fetos abortados? É isso mesmo! A PepsiCo está investindo 30 milhões de dólares em uma pesquisa para adicionar restos de fetos abortados nas suas bebidas. A informação é da agência ACI do dia 28 de outubro de 2011.

A PepsiCo assinou, em agosto de 2010, um acordo com aSenomyx para desenvolver adoçantes potencializados para suas bebidas e está investindo $ 30 mi pela investigação e futuros “royalties”. Senomyx é uma empresa especializada em desenvolver pesquisas para o “melhoramento” de sabores artificiais.

É sabido que a Senomyx, em várias de suas patentes, utiliza o HEK-293 (Human Embryonic Kidney 293 cells), isto é, células dos rins de fetos abortados.

Um dos acionistas apresentou uma resolução à PepsiCo para que esta “reconheça os direitos humanos e utilize padrões éticos que não envolvam usar restos de seres humanos abortados em investigações privadas e compartilhadas assim como em acordos de desenvolvimento”.

Uma organização pró-vida Americana, Children of God for life, escreveu para as duas empresas em questão protestando contra essa prática. A Senomyx não se manifestou e a PepsiCo respondeu simplesmente dizendo que isso resultaria em produtos “de grande sabor e com menos calorias”.

A mesma organização está promovendo um boicote à Pespi que está se espalhando pelos Estados Unidos, península ibérica, Austrália, Alemanha, Irlanda, Escócia, Polônia e Reino Unido.

Vemos, caro leitor, que numa sociedade em que Deus está posto de lado, coisas como essas vão se espalhando por toda parte. O que mais pode acontecer?

Finalizo lembrando uma oração de Davi a Deus: “Acordai, Senhor! Por que dormis? Despertai! Não nos rejeiteis continuamente!” (Salmos 43,24).


Fonte: http://www.ipco.org.br