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21/11/2011

Bento XVI: Não precisamos imitar os pentecostais. “Uma liturgia participativa é importante, mas uma que não seja sentimental”.


Bento XVI: Não precisamos imitar os pentecostais. “Uma liturgia participativa é importante, mas uma que não seja sentimental”.

O Papa Bento XVI inicia hoje uma viagem apostólica de dois dias ao Benim, África. Durante o vôo, o Santo Padre respondeu às tradicionais perguntas dos jornalistas presentes em sua delegação. Entre elas, uma a respeito do crescimento das seitas pentecostais no continente africano:

Essas comunidades são um fenômeno global, em todos os continentes. Naturalmente, elas estão presentes sobretudo, de formas diferentes, na América Latina e na África. Diria que seus elementos característicos são muito pouca “institucionalidade” e poucas instituições, dando pouco peso a instituições; uma mensagem que é simples, fácil e compreensível, e aparentemente concreta; e, como você disse, uma liturgia participativa expressando os sentimentos da cultura local, com uma abordagem da religião um tanto sincretista. Tudo isso lhes garante, por um lado, algum sucesso, mas também implica uma falta de estabilidade. Sabemos que alguns [seguidores desses grupos] voltam à Igreja Católica, ou se mudam de uma dessas comunidades para outra.

Então, nós não precisamos imitar essas comunidades, mas devemos nos perguntar o que podemos fazer para dar nova vida à fé Católica. Eu sugeriria, como um primeiro ponto, uma mensagem que é simples e compreensível, mas também profunda. [...]

Segundo, é importante que nossas instituições não sejam pesadas. O que deve predominar é a iniciativa da comunidade e da pessoa. Finalmente, eu diria que uma liturgia participativa é importante, mas uma que não seja sentimental. A liturgia não deve ser simplesmente uma expressão de sentimentos, mas deve emergir a presença e o mistério de Deus no qual ele entra e pelo qual nós nos permitimos ser formados.

Por último, com relação à inculturação, diria que é importante não perdermos a universalidade.Eu preferiria falar de “inter-culturação”, não tanto inculturação. É uma questão de um encontro entre culturas na verdade comum de nossos seres enquanto humanos, em nosso tempo. Então, crescemos numa fraternidade universal. Não devemos perder essa grande coisa que é a catolicidade, de que em todas as partes do mundo somos irmãos e irmãs, somos uma família, onde conhecemos cada um e colaboramos num espírito de fraternidade.

A introdução ao missal das celebrações pontifícias (pág. 11) demonstra como Bento XVI pretende enfatizar essa catolicidade, particularmente na liturgia da Santa Missa a ser celebrada no domingo, no Estádio da Amizade:

Neste grande dia de encontro eucarístico do Santo Padre com toda a África múltipla em seus costumes e em suas línguas, não hesitamos em empregar a língüa da Igreja Universal, o latim, que tem a vantagem de unificar a oração de nossa assembléia tão diversificada e de manifestar assim a união das vozes e dos corações no canto gregoriano (Missa de Angelis) e na escolha do cânon romano (Oração Eucarística I).

fonte:

http://fratresinunum.com

Folha de São Paulo: Canção Nova retira TODOS os programas com políticos de sua grade de programação.


Folha de São Paulo

A rede Canção Nova, emissora de TV e rádio ligada ao movimento católico Renovação Carismática, resolveu tirar do ar os programas comandados pelos deputados federais Gabriel Chalita (PMDB-SP) e Eros Biondini (PTB-MG), pelos estaduais Edinho Silva (PT-SP), Paulo Barbosa (PSDB-SP) e Myriam Rios (PDT-RJ), e pela primeira-dama paulista, Lu Alckmin, informa o "Painel", editado por
Renata Lo Prete e publicado na Folha desta segunda-feira.

Embora a decisão tenha sido tomada no atacado, o elemento precipitador foram as reações negativas de fiéis e lideranças da igreja à recente incorporação de Edinho, presidente do diretório estadual petista, ao quadro de apresentadores da Canção Nova.

Conexões "Justiça e Paz", o programa de Edinho, estreou em 3 de novembro tendo como convidado Gilberto Carvalho. Principal mentor político do deputado petista, o secretário-geral da Presidência foi também articulador da aproximação entre a campanha de Dilma Rousseff e a Canção Nova no segundo turno da eleição presidencial. Até então, a candidata vinha sendo duramente combatida por religiosos da Renovação Carismática.


Na capital do vodu, Bento XVI detona ‘ocultismo e maus espíritos’.

Por John Allen Jr | Tradução: Fratres in Unum.com

Em uma cidade da África Ocidental amplamente vista como a capital do vodu, Bento XVI clamou hoje aos católicos a resistir a um “sincretismo que engana” e a defender a fé cristã que “liberta do ocultismo” e “vence maus espíritos”.

O Papa falava nesta manhã a uma audiência de padres, seminaristas, religiosos e leigos reunidos no Seminário St. Gall, em Ouidah, no segundo dia da visita de 18 a 20 de novembro do Pontífice ao Benim.

Localizada na costa do Atlântico de Benim, Ouidah, outrora um grande porto de escravos, hoje tem uma população de aproximadamente 80 mil pessoas. Benim é historicamente o berço da fé Vodun na África Ocidental, mais conhecida no ocidente como “vodu”, e Ouidah é mais ou menos o seu Vaticano, hospedando uma conferência anual sobre o Vodun. A cidade também ostenta um famoso templo do píton vodu.

Embora o Vodun adquira uma grande variedade de formas em diferentes partes do mundo, é um movimento extremamente sincretista que provém das mágica e culto tradicionais tribais africanos, por vezes misturando isso com elementos do cristianismo, particularmente do catolicismo. Os praticantes geralmente reconhecem uma única divindade assistida por ajudantes conhecidos como Orishas. (Este, a propósito, é o nome do restaurante do hotel em Cotonou onde os jornalistas que cobrem a viagem papel estão hospedados.)

Em Benim, hoje, estima-se que 18% da população, o que equivale a 1,6 milhões de pessoas, são praticantes do vodu, tornando-o o terceiro maior grupo religioso no país, após católicos e muçulmanos… e muitos destes católicos e muçulmanos mantêm uma considerável porção de crenças e costumes que têm sua origem no vodu. 10 de janeiro é marcado em Benim como o “Dia do Vodu”.

Mundialmente, estima-se que o número total de praticantes do Vodu alcance 30 a 60 milhões.

Um tema que marcou todo o comentário de Bento XVI em sua viagem, sua segunda passagem pela África como Papa, foi a importância de evitar uma forma de “inculturação” que equivaleria a batizar crenças e costumes nativos contrários à ortodoxia cristã. Espera-se que o Papa retorne a esse assunto no fim do dia de hoje, quando lançará o documento resumindo as conclusões do Sínodo dos Bispos Africanos realizado em Roma, em 2009.

“O amor pelo Deus que se revela e por sua palavra, o amor pelos sacramentos e pela Igreja, são um antídoto eficaz contra um sincretismo que engana”, disse o Papa nesta manhã em Ouidah.

“Este amor favorece uma correta integração de valores autênticos das culturas na Fé Cristã”, disse. “Ele liberta do ocultismo e vence maus espíritos, pois é movido pelo Espírito Santo”.

Quando João Paulo II visitou Benim em 1993, sua viagem coincidiu com uma grande celebração nacional do legado vodu do país denominada “Ouidah 92”. O Papa se encontrou com um sumo sacerdote vodu, com uma fotografia daquele encontro destacada na primeira página do L’Osservatore Romano, o jornal diário do Vaticano.

O encontro é polêmico, há muito tempo, em círculos católicos mais tradicionais, que o vêem como equivalente a um endosso papal a devoções heterodoxas. Nesta viagem, Bento XVI expressou admiração por elementos da religião tradicional africana, mas também foi cuidadoso em condenar o “sincretismo” e condenar aquilo que ele vê como seus elementos negativos.

Antes do discurso, Bento XVI fez uma visita privada à capela do Seminário de St. Gall, onde rezou diante do túmulo do finado Cardeal Bernardin Gantin, um amigo próximo que trabalhou como prefeito da Congregação para os Bispos na mesma época em que o futuro Papa era o mais alto oficial doutrinal.

Gantin, considerado um “pai da nação” em Benim, morreu em 2008 como o mais alto prelado negro africano na história da Igreja Católica. Hoje, o aeroporto internacional na capital nacional de Cotonou leva o seu nome.

Foi a renúncia de Gantin como decano do Colégio de Cardeais que abriu o caminho para o então Cardeal Joseph Ratzinger ocupar essa função, uma medida que muitos observadores crêem indiretamente ter levado à sua eleição como Papa Bento XVI em 2005.